segunda-feira

Capítulo 1.1

Suava em bicas. Apertava as mãos com uma força absurda, esfregava uma na outra, chacoalhava enquanto balbuciava palavras sem nexo desejando apenas acordar daquele terrivel sonho ruim. Depois de algum tempo fazendo o improvisado ritual de como acordar durante um pesadelo, foi parando aos poucos e retomando sua consciência. Olhou para sua mãos, não estava sonhando, elas não estavam pálidas iguais a de uma pessoa a poucos instantes de desmaiar, estavam brancas! Literalmente brancas.
Aos poucos foi notando que tudo a sua volta era de tons acizentados, nada tinha cor alguma. Parecia que estava em um lugar todo feito de aluminio. Percebendo quao grave era sua situacao, comecou a chorar e lamentar sua propria sorte. Nao sabia o que estava acontecendo, onde estava e o que mais lhe preocupava era nao saber o que mais poderia lhe acontecer.
Comecou a passar em sua cabeca filmes de quando era crianca, as viagens de ferias ao litoral que pareciam interminaveis, ainda mais quando fazia novos amigos, que como ele, adoravam brincar na areia, construindo castelos gigantes com portas, pontes e barreiras grandes para enfrentar a furia das ondas.
Lagrimas escorriam pelo seu rosto. Pais, irmaos, amigos e pessoas queridas que poderia nunca mais voltar a ver. Lembrou de uma garota com quem saiu durante muitos anos e sem motivo aparente pensou tambem em seus passatempos preferidos: viajar e assistir filmes. Deu uma pequena risada ao perceber que ela sempre escolhia filme melosos e de amor, enquanto ele preferia os de maniacos assassinos que matavam todo mundo que aparecia. Foi entao que se deu conta que isso poderia ter acontecido com ele: tinha sido sequestrado e estava sendo usado como um experimento de um psicopata. Em partes tinha acertado.
Nao queria morrer! Tantas coisas pra fazer, tantos lugares no mundo pra viajar, inumeras pessoas para conhecer. Nao queria morrer!
Ainda sentado de frente a luz, decidiu-se - Tenho que sair daqui - Levantou e olhou em volta, analisou atentamente a comoda e ao ficar de frente ao espelho. Se assustou com o proprio reflexo.

" Eu perdi o meu medo da chuva"

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